A ousada parceria de sucesso da Fazenda Irarema e da Pieralisi

O azeite é um dos alimentos que está na mesa da humanidade há milênios. Saudável e saboroso, o óleo é parte da história da família do produtor Moacir Carvalho Dias, de São Sebastião da Grama (SP), pertinho de Poços de Caldas (MG). Na Fazenda Irarema, ele e a família vivem hoje de turismo rural e das oliveiras que produzem o melhor azeite do mundo, na categoria Blend Suave, reconhecimento concedido em premiação no New York Olive Oil Contest, em 2018, mais importante prêmio do mundo na área.

E o prêmio foi conquistado quando a família de Carvalho Dias engatinhava na produção de azeite. Em entrevista, Moacir conta que a família decidiu enviar, para o concurso nos Estados Unidos, um dos azeites produzidos pela primeira vez na fazenda e o produto foi premiado. Mesmo antes de ter frutas no olival, o proprietário rural Maurício Dias, pai de Moacir, montou uma planta de extração da Pieralisi porque acreditava no sonho de transformar a centenária fazenda de café em um polo de turismo rural e de produção de azeite de qualidade no Brasil. E deu certo! Leia mais sobre essa história de sucesso:

O fato de produzir o azeite eleito o melhor do mundo é um reconhecimento que serviu para motivar ainda mais a produção do azeite Irarema?

Moacir Carvalho Dias – Em 2018, minha produção era minúscula. Não fiz nem 400 garrafinhas de azeite. E pensamos aqui na fazenda: será que estamos fazendo azeite bem? Precisávamos enviar para um concurso para saber como estava a produção. Decidi, então, enviar para New York Olive Oil Contest, nos Estados Unidos, sem pretensão nenhuma. Só para ser avaliado e saber se estávamos no caminho certo. De repente, ganhamos como o melhor azeite do mundo. Foi uma grande surpresa. Teve uma repercussão enorme e foi muito bom para nós. Lógico que nos motivou a fazer mais. Foi muito interessante. Graças a esse prêmio o turismo aqui na nossa fazenda cresceu muito.

De fevereiro de 2018 pra 2021, a produção cresceu? Quanto? E a área plantada?

Claro que cresceu muito. Em 2018, estávamos com árvores de apenas dois anos. E, quando elas vão crescendo, vão produzindo mais. Então, saímos de um total de 5 mil árvores plantadas naquela época para 20 mil árvores agora. Saímos de um cenário no qual, praticamente, não produzíamos quase nada para uma produção atual de 80 toneladas de frutos. Temos hoje cerca de 8 mil pés adultos.

Apesar de o Brasil ainda ser iniciante na produção de azeite, com a primeira extração tendo sido realizada há apenas 12 anos, em 2008, em Minas Gerais, você se especializou na Europa. Fale sobre seus estudos e especialização.

Na verdade, como a gente não entende nada dessa área aqui no país, eu fui estudar e correr atrás de conhecimento. Eu fui fazer uma especialização em Portugal. Depois, fui estudar mais na Espanha. Eu trabalhei na safra na Espanha. Isso me ajudou muito na minha especialização. No Brasil, não tem aonde você se especializar nessa área.

A qualidade de um azeite de oliva extra virgem não depende apenas do cuidado do olivicultor no campo, mas também e sobretudo do conhecimento e da competência do lagareiro, como também da qualidade do lagar?

Eu entendo que o processo é mais importante do que a fruta. A fruta você tem que colher no tempo certo e trazê-la imediatamente. Quanto mais fresca a fruta, melhor para a produção do azeite. Mas a qualidade depende do processo para a produção do azeite. Lógico que o terroir do lugar onde a fruta é cultivada influencia a fruta lá dentro. Então, nossos azeites arbequinos são bem suaves perto de um arbequino da Espanha. Mas aí é o terroir do lugar que depende da chuva, da seca e outros fatores climáticos. Mas na questão da qualidade é mais importante a extração do óleo do que a fruta em si.

Desde quando vocês são nossos parceiros?

A nossa parceria com a Pieralisi é interessante. Nós plantamos o nosso olival em 2016 e compramos a nossa máquina em 2017. Nem tínhamos frutas para processar na máquina e já tínhamos comprado o equipamento porque sabíamos que se fôssemos os pioneiros íamos fomentar a olivicultura na região. E foi isso o que aconteceu. Todo mundo começou a plantar porque sabia que tinha uma máquina para processar aqui na nossa fazenda. Hoje temos um grande movimento de fruta entrando e saindo na máquina para produzirmos azeite de oliva.

Quais os equipamentos da Pieralisi utilizados na planta de extração de azeite de oliva?

Nós temos três baterias simplex com um decanter SPI 111 e uma centrífuga vertical Bravo. Temos uma planta de extração de azeite com mais ou menos 1,6 mil quilo-hora. Mas já passamos de 1,6 mil quilo-hora, dependendo da maturação da fruta.

A parceria com a Pieralisi será duradoura? (por favor, faça esse texto)

Eu não apenas comprei a máquina da Pieralisi, como eu já “vendi” a máquina da Pieralisi para outros produtores que conversaram comigo e queriam entender o processo de produção do azeite. Como confio nos equipamentos da Pieralisi, indiquei a marca para os outros produtores. Eu gosto do equipamento. Gosto do pós-venda e gosto muito do trabalho dos técnicos. Sou amigo pessoal de um dos técnicos da Pieralisi e sempre trocamos conhecimento sobre os equipamentos e métodos de produção. 

Na minha fazenda, além do azeite tradicional, nos meses de junho e julho, eu utilizo a máquina para fazer azeite de avocado. No início, apanhei muito para fazer azeite de avocado. Hoje, o produto está em um ponto muito bom e até faço consultoria para outros produtores. Isso mostra a versatilidade da planta da Pieralisi. 

Eu indico, sim, a Pieralisi porque sou fã de carteirinha da empresa. A nossa parceria, com certeza, será muito duradoura. É importante ter um parceiro em quem podemos confiar porque pretendemos crescer muito, principalmente na produção de azeite de avocado. Acredito que, no futuro, teremos que comprar uma segunda planta para a produção de azeite de avocado. 

Qual o legado você gostaria de deixar para o futuro?

Essa pergunta não deveria nem ser endereçada a mim, ela é endereçada ao meu pai (Maurício Dias). Quando ele começou a plantar oliveiras e comprou a máquina, os outros irmãos dele falaram que ele estava doido. Diziam: você está gastando um dinheiro absurdo nessa fazenda. Você não fez as contas. Você nunca mais vai ver esse dinheiro. A própria família criticava meu pai. Mas ele dizia: quero deixar um legado para os meus filhos e netos. Foi meu pai que construiu tudo isso para nós. Hoje, na nossa fazenda, minha mãe (Mônica) faz os sabonetes. Minha irmã (Gabriela) toma conta do restaurante. Eu cuido do azeite. Meu pai fica na fazenda. E tenho até sobrinhos trabalhando no turismo aos finais de semana. Tudo isso acontece graças ao legado que meu pai quer deixar para a família.

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