A tecnologia no campo veio para ficar, mesmo em culturas tradicionais como a olivicultura. Claro, é preciso ousadia, coragem e planejamento para fazer a transformação necessária em processos produtivos usados pelos agricultores pelo mundo há muito tempo. De forma vanguardista no Brasil, a Vivenda Scapini, localizada em Viamão, no Rio Grande do Sul, começará a produzir azeite em 2024, baseada no método de plantio superintensivo, no maior olival do país, em número de plantas no mesmo local, com 210 mil oliveiras.

A Pieralisi é parceira da Vivenda Scapini com a implantação de um lagar estruturado para atender as necessidades de um desafio gigantesco, ousado e que vai acrescentar em muito o processo de produção de azeites em terras brasileiras. As primeiras garrafas do azeite Vivenda Scapini deverão ser disponibilizadas ao mercado em julho do próximo ano. O cultivo das oliveiras na propriedade em Viamão, próximo de Porto Alegre, teve início em 2019 e agora as 35 mil primeiras árvores estão prontas para oferecer os frutos com potencial para a extração de um azeite de qualidade.

Mas engana-se quem pensa que apenas essas primeiras oliveiras vão fornecer as olivas para o lançamento da marca de azeite Vivenda Scapini. Com o método superintensivo, árvores mais jovens, plantadas na segunda fase de ocupação dos 200 hectares, também terão condições de contribuir com frutos preciosos para ampliar o volume de azeitonas na produção inaugural da marca gaúcha.

“O método superintensivo permite que mesmo plantas mais jovens comecem a produzir mais cedo. Nossa expectativa é que também possamos contar com a contribuição de árvores que cultivamos depois de 2019, quando plantamos as primeiras oliveiras ainda pelo método tradicional. Nosso processo desde o cultivo até a extração é todo mecanizado e automatizado”, explica o diretor da Vivenda Scapini, Roger Scapini. O empreendedor conta que atuar no agronegócio sempre foi um sonho que ele vem concretizando com a olivicultura.

Para entender melhor o que é o método superintensivo, é preciso saber mais da história de Roger Scapini. Ele pegou gosto pela olivicultura após viagens à Argentina e Espanha. “Sempre quis atuar no agronegócio e vi na olivicultura a porta de entrada para realizar o sonho de família. Busquei conhecimento sobre essa atividade com produtores brasileiros e também em outros países produtores”, conta.

Desafios x Soluções

Sem querer sair de perto de Porto Alegre, ele decidiu encontrar uma área que fosse boa para plantar oliveiras, mas que ficasse próxima à capital do Rio Grande do Sul. A área de mais de 300 hectares em Viamão foi o lugar certo para começar o negócio. A partir daí, a família arregaçou as mangas e deu início ao planejamento da Vivenda Scapini.

Entretanto, o entusiasmo ficou bastante abalado depois que Roger visitou uma tradicional propriedade de olivicultura no Brasil e viu a imensa dependência de mão de obra no momento da colheita. “Foi um balde de água fria porque percebemos a dificuldade que nossa posição geográfica imporia para o nosso negócio. Infelizmente, ainda, há um grande fluxo de trabalhadores saindo de Viamão para trabalhar em Porto Alegre, que fica muita próxima. Como iríamos conseguir mão de obra para a colheita no olival? Decidimos não desistir e procuramos por saídas que nos permitissem mecanizar a colheita e todo o processo produtivo”, diz.

Foi nesse momento que ele encontrou a companhia espanhola Agromillora, cujo método produtivo é o superintensivo, que consiste cultivar mais plantas em um mesmo espaço de terra utilizada no método tradicional. Na Vivenda Scapini, são 210 mil oliveiras em uma área de 200 hectares. A tecnologia é o pilar que sustenta as vantagens desse processo produtivo. “A tecnologia e a mecanização são empregadas desde o plantio até a extração do azeite no nosso negócio. Todas as fases são automatizadas com o emprego de máquinas e muito conhecimento”, explica o empresário.

Mas não foi fácil engrenar todas as partes dessa empreitada. O empreendedor e sua família compraram o pacote tecnológico da Agromillora que vai muito além do fornecimento de mudas, como acontece no método tradicional. Os passos seguintes foram de mecanizar a produção usando como base o projeto da empresa espanhola. “Compramos pulverizadores em Portugal para o combate de pragas e doenças. Mas não conseguimos fazer a importação da máquina para o plantio das 210 mil mudas, que foram sendo colocadas no terroir ao longo de três anos”, conta.

A solução foi montar um equipamento aqui no Brasil com um parceiro nacional e o conhecimento do pré-projeto da máquina comercializada na Europa. “Conseguimos e as 210 mil mudas foram plantadas com o equipamento que nós criamos aqui”, relata. A colheitadeira para iniciar a retirada dos frutos no começo do próximo ano está vindo da França. A máquina é da gigante do agronegócio New Holland.

Na hora de escolher o parceiro para a extração do azeite, a Vivenda Scapini decidiu buscar o melhor equipamento do mercado que é a marca Pieralisi. “Até estávamos analisando o projeto de uma outra empresa do setor, mas dialogamos com a Pieralisi sobre o nosso negócio. Claro que um projeto revolucionário como o nosso no mercado brasileiro, demandou ajustes no lagar projetado pela Pieralisi para atender as nossas demandas. O resultado está atendendo as nossas expectativas para a produção do azeite”, diz Roger Scapini. A planta na sua configuração total terá quatro linhas cada uma delas com capacidade de 2.400 litros processados por hora atuando de forma paralela.

Oliviturismo

Uma frente que também será explorada no projeto da Vivenda Scapini é o turismo. Se o Rio Grande do Sul é um tradicional destino de quem deseja conhecer as vivendas, a meta do empreendedor é fomentar o oliviturismo, como é comum na Europa. “Projetamos 40 chalés na propriedade. Temos 28 chalés que estão sendo pintados e serão mobiliados até o final deste ano. Mas a nossa estratégia é diferente das outras propriedades tradicionais de olivicultura no Brasil. Serão duas frentes de negócios diferentes: a produção de azeite e o turismo”, explica.

Ele observa que para a grande maioria dos empreendimentos do setor o turismo é importante para a manutenção da olivicultura. No modelo de negócios da Vivenda Scapini, um não dependerá do outro para a operação das atividades. “Nosso projeto de negócio vem sendo construído sob a lógica da sustentabilidade financeira e do processo produtivo. O uso de tecnologia tem como objetivo um custo de produto final mais competitivo, a partir de um volume de produção que aumenta a concorrência no mercado de azeites. Não vamos depender do turismo para garantir a sustentabilidade da produção de azeites”, aponta.

Roger Scapini tem know-how para conduzir uma empreitada tão desafiadora e inovadora. Ele é engenheiro e gerencia uma empresa que atua na área de manutenção predial com grandes projetos pelo Brasil. Sempre indo de lá para cá no nosso país, Roger traz na bagagem conhecimento, experiência e um olhar apurado para entender as particularidades do mercado nacional.

Que a revolução tecnológica da Vivenda Scapini seja o caminho para o sucesso da marca e de novas perspectivas para o mercado brasileiro de olivicultura!