Nem em seus mais pretensiosos sonhos, o produtor Moacir Carvalho Dias, 43 anos, esperava por aquilo. Afinal, ele tinha decidido inscrever seu azeite no mais importante prêmio do mundo apenas para ter uma avaliação mais criteriosa. Só queria saber se estava no caminho certo. Estava. Em sua primeira extração, realizada em fevereiro de 2018, o azeite Irarema ganhou um dos prêmios mais importantes do setor no planeta. Com o rótulo Intenso, foi eleito o melhor azeite do mundo, na categoria Blend Suave, no New York Olive Oil Contest, nos Estados Unidos, cujo corpo de jurados é formado por 40 especialistas de várias nacionalidades. Foi o primeiro azeite brasileiro a conquistar tamanho reconhecimento. O óleo de oliva produzido por Moacir, na Fazenda Irarema, no município paulista de São Sebastião da Grama, é um caso raro de sucesso rápido e global. “Foi algo realmente surpreendente. Eu não tinha a menor esperança de ganhar”, disse o produtor, que é formado em engenharia civil.
Para ele, o reconhecimento internacional serviu de incentivo para melhorar e aumentar a produção. Dos parcos 40 litros da sua primeira extração – o equivalente a 80 garrafas de 500 ml –, em 2018, a fazenda tem estimativa de fechar este ano com produção de 4 mil litros, ou seja 100 vezes mais. “Nossa meta é chegar a produzir 60 mil litros por ano”, afirmou. Um dos fatores fundamentais para ajudar a aumentar a produção da fazenda é a área cultivada. Há dois anos, a Irarema possuía apenas 5 mil pés de oliveiras. Hoje, são 20 mil pés ocupando menos de 20% dos 480 hectares da propriedade, que fica na Serra da Mantiqueira. “E continuamos investindo em conhecimento técnico e aperfeiçoamento do nosso pessoal.” Além do premiado Intenso, estão sendo produzidos o Irarema frutado, o defumado e quatro aromatizados: alecrim, alho, limão siciliano e manjericão. Os preços variam de R$ 35, para os aromatizados de 250ml, a R$ 64,90, para a garrafa de 500ml do Intenso. “Nossa trajetória é bacana. Mas nada disso teria acontecido se eu não tivesse me preparado.” A preparação à qual ele se refere começou em 2015, ano em que seu pai, Maurício, 71, vendeu a fazenda de soja que tinha no Mato Grosso e comprou a Irarema. A ideia inicial era que a família, que morava em Poços de Caldas (MG), fosse viver na propriedade, localizada a menos de 10km da cidade mineira. “Queríamos um local tranquilo, para viver em paz. Só isso”, disse Maurício. Ocorre que outras fazendas da região já produziam azeite, inspirando pai e filho a entrar no ramo, mas sem muitas pretensões. Foi quando ele largou a empresa de eventos que tinha para aprender a fazer azeite. Em 2015, foi estudar na Faculdade de Oleotécnica do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), em Portugal.